TARDES DE MAIO. DO FÓSSIL VIEMOS, AO FÓSSIL VOLTAREMOS.
- Davi Antonio
- 31 de mai. de 2018
- 2 min de leitura
Essa é a divindade fóssil que o mundo cultua. Nada mais aproxima, ao mesmo tempo que distancia, esses seres que se autodenominam humanos. Nela, por ela e para ela movem-se os sapiens e os não-sapiens. Essa semana foi desenterrado seu totem de plástico, plástico que deriva do petróleo. Tinha homens e mulheres esmurrando-se e caindo pelo chão feitos porcos se revirando na própria lama em favor dessa divindade nos seus templos espalhados ao redor do mundo e ele... ele? O que se viu foi longas e pacientes romarias de romeiros silentes e resignados aceitando a mandioca de pelanca véia do Temer, mas que faz um efeito mais que a do Kid Bengala.
Peregrinos à beira das estradas fazendo longas caminhadas e a divindade fóssil, continuou assim, impassiva, com esse misterioso sorriso, o mais enigmático sorriso desde Mona Lisa. Teve até gente rezando um "Pai Nosso que estás no Shell" ( rsrsrs) e até de patriotas anti-brasileiros ouviram do posto Ipiranga as margens flácidas de um povo neurótico um brado retumbante. Sim, eis aí o totem de uma divindade de um povo heróico a reboque dos caminhões e dos caminhoneiros que mesmo diante de tal opressão, protestam pedindo a intervenção militar que não permite protesto. Lá no Nordeste choveu bastante esse ano e tem fartura de milho, recomendo a vocês, jumentos, que importem de lá direto para seus cochos.
Aí bradou o oráculo: "eu sou o caminho-neiro e a medianeira, e ninguém vai a lugar algum senão por mim". Seu fogo queima nas plataformas. A divindade reina supremo como um Posseidon! "Ó, inextinguível chama, que consomes sacrifícios primitivos nessas últimas tardes de maio, vem me consumir que eu também te quero."
Enquanto teu fogo arder nas piras dos sete mares, ó divindade fóssil, nós, galões recipientes humanos de sua energia, teremos luz e trevas. Luz e trevas que ofuscam outras luzes e suscitam outras trevas e o Brasil caminha de merda a merda.
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